RIO DE JANEIRO - Quando alguém se pergunta sobre quem
manda atualmente no Brasil, as figurinhas carimbadas são as que você sabe. A
presidente Dilma, óbvio, manda muito. Quase tanto quanto o ex-presidente Lula,
que a cada dia lembra mais a imagem criada por Millôr Fernandes, a do rabo
escondido com o gato de fora. O ministro do STF, Joaquim Barbosa, manda muito
na sua área. E há banqueiros, empresários e políticos que mandam muito mais do
que aparentam.
Mas quem põe e dispõe de verdade no Brasil de hoje são a Fifa e o
COI (Comitê Olímpico Internacional). Em nome da Copa de 2014 e da Olimpíada de
2016, essas entidades --usando como peões organismos locais em todos os níveis
de governo-- demolem pistas, piscinas, estádios e quarteirões inteiros segundo
seus interesses, interferem na cultura das cidades e até mudam as leis do país.
Para abrir um estacionamento no entorno do Maracanã, tentaram
derrubar um prédio tombado (aquele que os índios ocuparam e reduziram a cabeça
de porco) e uma escola-modelo. Essas tentativas, parece, foram barradas, mas
dois históricos equipamentos esportivos, também do complexo do Maracanã e sob a
guarda do Ministério Público e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional), podem não ter a mesma sorte: o Estádio de Atletismo Célio
de Barros e o Parque Aquático Júlio Delamare.
A Fifa impôs a venda de cerveja nos estádios brasileiros (para não
perder patrocinadores) e quer impedir que o Estádio Nacional de Brasília
continue a se chamar Mané Garrincha --quanto vale dar nome a um estádio? E
agora se descobre que as obras no Maracanã para a Copa, executadas pelo
figurino da Fifa, não se prestam aos padrões do COI e terão de ser refeitas
para a Olimpíada.
Sediar esses eventos é uma conquista, mas os beijos que vêm com
ela são gelados.

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